Não sou grande fã de viagens de turismo por isso visitar igrejas e museus apenas por colecção não é para mim. Gosto de ficar nos lugares, sentir o cheiro das terras ouvir o som das pessoas que falam uma língua diferente e onde eu tento perceber o que dizem apenas pelas expressões.
É tão bom ficar numa esplanada a apanhar sol a ver a cidade a passar à frente do meu chá fumegante, sentir o pulso da gentes enquanto as fito na companhia de um cigarro.
É assim que me sinto bem, é assim que gosto de ficar à espera que a cidade e as gentes me embalem e me engulam, para que fique em mim o sabor do "suvenir" mais gratificante de todos: a experiência que não se esquece.
A memória de uma tarde de sol, de um dia de chuva que é mais do que água que cai, um pôr do sol entre duas montanhas, igual a tantos outros, mas que por eu ter podido assistir ali em primeiro balcão, é mágico!
Voltei e trago na minha bagagem as pessoas, os locais, os cheiros e os sabores. É bom sair, ficar longe de tudo, mas voltar à nossa almofada ... hummmmm! É bom demais, damos outro valor ao que temos! Por isso gosto de sair, sair para voltar e perceber outra e outra vez que apesar de tudo gosto muito de ser quem sou!
Mas o regresso foi ainda mais maravilhoso, tinha à minha espera o meu peixinho. Tinha nos olhos uma luz que ilumina um oceano inteiro. Uma luz que queria tanto voltar a ver, que queria ver todos os dias ... mas pronto!
Por longos instantes nada vem perturbar a harmonia desta hora única.
Para lá desta varanda, depois da praia e do oceano em frente,
existe o mundo e todas as suas metrópoles.
Mas há momentos mágicos que suspendem o tempo e o mundo, como o deste crepúsculo.
Como no Out of Africa, quando Meryl Streep diz para Robert Redford:
'Tudo o que disseres agora, eu acredito.'"